Conferências do IFSP, v. 4 (2018): IV Congresso de Educação Profissional e Tecnológica do IFSP

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Automação e Sociedade
Helena Barbosa Machado Martins, João Vitor Silva Robazzi, João Vitor Silva Robazzi, Fernando Cesar Souza Fortuna, Fernando Cesar Souza Fortuna, Ferdinando Monsignore, Ferdinando Monsignore

Última alteração: 2018-08-30

Resumo


A evolução tecnológica tornou a automação uma realidade nos ambientes mais diversos ambientes. Se há alguns anos o levantamento relativo ao inventário anual de uma loja demandava o fechamento da mesma para que, manualmente seus estoques fossem conferidos, atualmente é possível gerenciá-los, em tempo real, através do emprego de etiquetas de identificação RFID (do inglês Radio-Frequency IDentification). Já em um cinema, por exemplo, a energia elétrica gasta para o resfriamento da sala de exibição pode ser gerida de acordo com a quantidade de ingressos vendidos para aquela sessão.  Anteriormente restrita ao ambiente industrial, a automação vem, em função da redução dos custos, se tornando realidade nos comércios e residências, sendo inegável o seu impacto na sociedade. Se antes os postos de trabalhos substituídos pela automação de processos e máquinas eram um problema restrito à realidade industrial, hoje armazéns comerciais, sistemas de controle de acesso, centrais de relacionamento e informações, entre outros estão substituindo, completa ou parcialmente, a mão de obra humana por rotinas computacionais e/ou máquinas. Como negar as consequências destas inovações se hoje, para pedir uma pizza utilizamos um aplicativo ao invés de aguardarmos uma chamada telefônica ser atendida?

Nesse contexto, é importante para aluno que trabalhará com estas tecnologias, ou seja, aquele formado pelo curso técnico integrado ao ensino médio em automação industrial, que tal realidade bem como seus impactos sejam discutidas durante o seu itinerário formativo. Para realizar esta discussão partindo da realidade dos envolvidos, foi proposto aos alunos do 3º ano no início do período letivo de 2018 que, a partir do referencial teórico das disciplinas técnicas, problematizassem o emprego da tecnologia nas suas próprias vivências, observando aspectos como acessibilidade, sustentabilidade, democratização da tecnologia e solução de problemas cotidianos.

A partir da observação da realidade, das bases teóricas e das discussões realizadas em sala de aula, os alunos se dividiram em grupos e propuseram o desenvolvimento de protótipos nas seguintes temáticas:

  • Automação Residencial: controle de acesso, acionamento e monitoramento remoto de lâmpadas e ventiladores, bem como alarme para detecção de intrusão;
  • Agricultura e Sustentabilidade: irrigação por controle remoto e estufa automaticamente controlada, sistema automático para separação de resíduos recicláveis;
  • Ambiente escolar: planta didática para ensino de eletro-pneumática integrada à sistemas microcontrolados, robô móvel destinado ao transporte de documentos e pequenos objetos entre edifícios do campus;
  • Acessibilidade: robô móvel capaz de seguir piso táctil afim de facilitar o deslocamento de deficientes visuais;

Após a definição do objetivo de cada protótipo, foi proposto aos grupos que iniciassem o planejamento relativo ao desenvolvimento dos produtos, ressaltando a importância da pesquisa a respeito das aplicações e necessidades de cada projeto. Desta forma, os alunos foram incentivados a contatar diversos temas e especialidades presentes dentro e fora do campus. Para sintetizar os dados coletados, cada grupo desenvolveu e apresentou o seu projeto a partir da ferramenta Project Model Canvas recebendo sugestões dos próprios colegas. Em seguida, a execução dos projetos foi planejada em relação ao tempo, elaborando-se cronogramas, e recursos materiais. Atualmente os protótipos encontram-se na fase de projeto, simulação e/ou implementação física.

É possível perceber grande envolvimento por parte dos alunos nas atividades relativas ao projeto integrador proposto, sendo que, para os docentes envolvidos, isso deve ao fato de que, por meio destas atividades, os discentes podem perceber a relação entre as bases teóricas e a prática do cotidiano. Se apresenta extremamente importante para a formação dos alunos que se problematize a partir de suas realidades as teorias e que estas sejam, de fato, prática no ambiente escolar. Assim, é possível estabelecer conexões entre o mundo da escola e do trabalho e redefinir o papel e o potencial da tecnologia relativa a automação em nossa sociedade.