As atividades industriais, ao mesmo tempo em que oferecem benefícios para os indivíduos, através de seus inúmeros produtos, são responsáveis pela exploração de recursos naturais e pela consequente geração de rejeitos e de resíduos industriais que sobram da produção de bens de consumo. A poliuretana merece destaque por apresentar várias características técnicas, como leveza, resistência à abrasão e flexão e facilidade de tingir, podendo ser amplamente utilizado principalmente na confecção de solados para calçados. De acordo com dados de Baldan (2019), o setor coureiro-calçadista, com destaque para o pólo industrial formado por duzentas e trinta empresas e localizado no Vale do Rio Sinos, no Estado do Rio Grande do Sul, foi responsável pela confecção de dez milhões de pares de calçados, o que impacta na fabricação de um milhão de toneladas de poliuretana. Desde montante, é estimado pela ABRIPUR (2019) que 30% sejam resíduos ou rejeitos descartados na fase de pós- produção dos pares de calçados, ocorridos por erros de produção ou até mesmo, dos seus processos de produção. À vista disso se estabelece como atitude fundamentalmente responsável, por parte do ser humano, a necessidade de reutilizar ou reciclar os rejeitos e os resíduos por ele gerados, a fim de se recuperar matéria e energia, diminuindo a utilização de recursos naturais e causando menor degradação ao meio ambiente. Uma das possibilidades é utilizar os resíduos reciclados na composição de materiais de construção civil, como por exemplo, blocos e telhas, diminuindo a extração de matéria-prima para a fabricação destes. O principal objetivo desta pesquisa é caracterizar telhas desenvolvidas a partir da incorporação do resíduo industrial de poliuretana termofixa reciclado à resina vegetal poliuretana de mamona, visando sua aplicação pelo setor da construção civil.